Com projeto inovador da Cemig, Epamig e CPQD, produtores rurais poderão cultivar embaixo de usinas solares
Companhia viabiliza proposta inédita que desenvolverá metodologias para a produção de alimentos e energia elétrica em um mesmo local
Produzir alimentos e energia elétrica em um mesmo local, em breve, será uma realidade em algumas regiões de Minas Gerais. Trata-se do primeiro projeto agrivoltaico do Brasil, uma parceria criada entre a Cemig, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD). A iniciativa foi aprovada em edital de chamada pública da Cemig, que seleciona projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI). O projeto faz parte do Programa PDI Aneel.
A proposta vai unir a agricultura, um dos pontos mais fortes da economia de Minas, e a geração de energia solar, forma de geração limpa que tem ganhado importância nos últimos anos. O objetivo é criar alternativas para produção de energia fotovoltaica e produção agropecuária, na mesma área usada em cultivos agrícolas, ampliando o valor do uso do solo e possibilitando o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores. O investimento total é de cerca de R$ 10,5 milhões e as pesquisas serão desenvolvidas ao longo de 30 meses.
A iniciativa coloca a Cemig, os parceiros e Minas Gerais na vanguarda tecnológica dentro do cenário nacional no uso comum de geração fotovoltaica e produção agropecuária, em um dos estados com maior potencial de aplicabilidade dessa tecnologia.
O diretor de Estratégia, Meio Ambiente e Inovação da Cemig, Maurício Dall’ Agnese, salienta a importância dessa iniciativa para o setor de energia. “Este projeto reitera o compromisso da Cemig com a inovação e a sustentabilidade. Além de termos produção de energia 100% renovável, estamos desenvolvendo projetos inovadores para potencializar a geração solar, como as primeiras usinas solares flutuantes em rios e reservatórios brasileiros em operação comercial”, afirma o diretor.
Integração inovadora
O projeto pretende buscar soluções para as dificuldades já identificadas em integrar as duas atividades, já que as suas configurações atuais ainda impedem o uso conjunto de uma área comum. Atualmente, as atividades são realizadas de forma separadas.
Onde são instaladas as usinas fotovoltaicas, não são realizadas atividades agropecuárias, e, da mesma forma, onde há culturas e pastagens, não existe a instalação de painéis fotovoltaicos.
“Esta proposta reforça a parceria de sucesso entre Cemig e CPQD ao longo de mais de 20 anos em projetos estruturantes. Além dos desafios técnicos envolvendo áreas multidisciplinares, temos o lado social envolvendo tecnologias para facilitar a vida dos pequenos produtores rurais e o desenvolvimento de potenciais fornecedores da indústria nacional. Faremos uma avaliação completa do sistema Agrivoltaico customizado para Minas Gerais, envolvendo aspectos técnicos, regulatórios, econômico-financeiros, sob as perspectivas do produtor rural, distribuidora de energia e provedor da solução do sistema integrado”, explicou o gerente comercial do CPQD, Carlos Alberto Previdelli.
A implantação destes pilotos vai permitir a utilização, em uma mesma área, para produção conjunta de energia fotovoltaica em associação com atividades agrícolas (Agrovoltaico) e de pecuária (Rangevoltaico).
O projeto será conduzido nos campos experimentais da Epamig de Mocambinho (CEMO) e de Santa Rita (CESR), localizados respectivamente nos municípios de Jaíba e Prudente de Morais, regiões Norte e Centro-Oeste do estado.
Para Mauricio Dall’ Agnese, o apoio da Cemig ao desenvolvimento da tecnologia Agrivoltaica possibilitará mais um vetor de expansão da produção de energia elétrica de fonte solar. Além disso, contribui com o esforço da companhia no processo de descarbonização e transição energética, promovendo o desenvolvimento social e econômico. “O projeto tem potencial de revolucionar o setor, seja pela nossa vocação para geração solar, seja pela vocação para produção agropecuária de Minas Gerais”, ressalta.
Potencial agropecuário aliado à transição energética
O método de pesquisa contará com três instalações Agrivoltaicas que vão permitir realizar análises comparativas entre elas. O objetivo é determinar quais serão as combinações de modelos de módulos e as melhores culturas para aumentar a produtividade global das atividades.
Minas Gerais é, atualmente, o estado com a maior potência instalada de energia fotovoltaica no Brasil. Além disso, é um dos maiores em extensão territorial com 853 municípios, rico em potencial para geração de energia solar fotovoltaica. Uma energia limpa e renovável. A agricultura mineira é um dos pilares da sua economia. Do mesmo modo, o agronegócio mineiro também tem notoriedade nacional na diversidade produtiva do setor agrícola e no seu rebanho bovino.
“Produzir alimentos e energia elétrica em um mesmo local é algo realmente inovador. Nesta fase inicial, estamos instalando unidades pilotos nos campos experimentais da Epamig para testar culturas variadas em diversos arranjos e, assim, chegarmos a tecnologias adaptadas às condições de clima e solo para serem transferidas aos agricultores das diferentes microrregiões de Minas Gerais”, assegura o diretor de Operações Técnicas da Epamig e um dos coordenadores do projeto, Trazilbo de Paula.
“O Agrivoltaico é a forma de instalação de usinas fotovoltaicas que permite o uso conjunto com atividades agropecuárias. Um projeto como este coloca a Epamig e seus parceiros na vanguarda tecnológica dentro do cenário nacional”, afirma a pesquisadora da instituição, Polyanna Oliveira. Ela destaca, também, o potencial de aplicabilidade dessa tecnologia. “Minas Gerais vivencia um crescimento exponencial junto ao setor que, por si só, é o que mais cresce no Brasil. Como é um estado com agropecuária variada e pujante, é justificável a maior quantidade de instalações fotovoltaicas na sua zona rural”.
Com um cenário tão favorável, o projeto do sistema Agrivoltaico, a ser desenvolvido de forma inédita em Minas Gerais, pretende gerar soluções inovadoras para implantação de usinas fotovoltaicas em áreas agricultáveis no Brasil, trazendo benefícios econômicos também para a agricultura do estado.